Alagoense é Líder do Centrão e terá em suas mãos o poder da decisão sobre pedidos de impeachment contra Bolsonaro
Representando uma vitória política para o presidente da República, Jair Bolsonaro, que procurava um aliado no comando da Casa de Leis, o líder do centrão e deputado Arthur Lira (PP-AL), foi eleito nesta segunda-feira (1º) em primeiro turno com 302 votos, se tornando o novo presidente da Câmara dos Deputados. Além do apoio recebido pelo Palácio do Planalto, Lira contou com o suporte de um bloco formado por 11 partidos (PSL, PP, PSD, PL, Republicanos, Podemos, PTB, Patriota, PSC, Pros e Avante), tomando posse do cargo logo após à divulgação do resultado. Concorrendo a posição contra outros sete candidatos, o alagoense obteve mais que o dobro de votos do segundo colocado, Baleia Rossi, que recebeu 145 votos e mais que a metade dos 505 votantes. Comandando a Casa Legislativa pelos próximos dois anos, em seu primeiro ato como presidente, o parlamentar anulou a votação dos demais cargos da Mesa Diretora, determinando que uma nova eleição para a escolha de seus integrantes fosse realizada na quarta-feira (03).
Já em seu primeiro discurso na nova função, Arthur Lira pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da pandemia de covi-19 e defendeu a vacinação da população e o equilíbrio nas contas públicas, ressaltando que a pandemia deve ser enfrentada com uma “atuação harmônica dos poderes sem abrir mão da independência” entre e Legislativo e Executivo. “Temos que examinar como fortalecer nossa rede de proteção social. Temos que vacinar, vacinar, vacinar o nosso povo. Temos que buscar o equilíbrio das nossas contas públicas”, declarou o presidente.
DEFINIÇÃO DA NOVA BANCADA
Levando em consideração o tamanho das bancadas, já que a Mesa da Câmara dos Deputados é composta por 11 cargos, a votação foi realizada na quarta-feira (03), para escolher dois vice-presidentes, quatro secretários e seus suplentes, que irão conduzir as atividades da Casa nos próximos dois anos. Feita de forma presencial e secreta, a votação contou com 21 urnas eletrônicas distribuídas pelo Plenário Ulysses Guimarães e pelos salões Verde e Nobre. Após a contagem de votos, foram eleitos: Marcelo Ramos (PL-AM) como 1° vice-presidente, André de Paula (PSD-PE) como 2° vice-presidente, Luciano Bivar (PSL-PE), como 1° secretário e Marília Arraes (PT-PE), Rose Modesto (PSDB-MS) e Rosângela Gomes (Republicanos-RJ) respectivamente como segunda, terceira e quarta secretária. As vagas para suplentes de secretários, que participam da Mesa somente na ausência do titular, foram preenchidas pelos deputados Eduardo Bismarck (PDT-CE), Gilberto Nascimento (PSC-SP), Alexandre Leite (DEM-SP) e Cássio Andrade (PSB-PA).
Um segundo turno foi realizado para definir o cargo de 2° secretário já que a candidata não alcançou a maioria absoluta dos votos na primeira seleção.
QUEM É ARTHUR LIRA E O QUE SUA VITÓRIA SIGNIFICA PARA BOLSONARO?
Seguindo os passos de seu pai Benedito de Lira, político tradicional de Alagoas que iniciou sua carreira política no Arena, partido de sustentação da Ditadura Militar. O novo presidente da Câmara e Deputado pelo Partido Popular (PP), iniciou sua carreira política aos 24 anos, como vereador de Maceió pelo PFL.
Atualmente, com 52 anos, Arthur está em seu terceiro mandato como Deputado Federal e já ocupou o cargo de deputado estadual de Alagoas por três mandatos seguidos, lhe rendendo até hoje acusações (da qual nega) de ter enriquecido por meio da operação de um sistema de rachadinha — esquema onde o salário de funcionários fantasmas são desviados para o operante.
O deputado ainda sofre outras acusações no Supremo Tribunal Federal (STF), tendo se tornado réu em um dos casos por corrupção no final de 2019. A acusação, da qual também se declara inocente, aponta que Lira recebeu em 2012 propinas de 106 mil reais do então presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo.
Mas o que a sua posse como presidente da Câmara dos Deputados significa para Bolsonaro? Em seu primeiro ano de governo, o gestor do Brasil havia afirmado que negociar apoio no Congresso em troca de cargos era uma “receita certa” para a corrupção e para “evitar” que isso ocorresse, Bolsonaro reduziu o número de ministérios e fez indicações técnicas para as ocupações dos cargos. Sua decisão acabou sendo um problema, pois ficou sem apoio na casa de leis, dificultando as aprovações de suas propostas ao parlamento e o deixando vulnerável a um processo de impeachment, do qual já sofreu 60 pedidos de cassação contra seu mandato, sendo a mais recente referente a sua má condução do governo durante a pandemia e a lentidão em aderir um plano de vacinação contra o novo coronavírus.
Sabemos que além de definir as pautas de votação do plenário, o presidente da Câmara tem ainda como função, a prerrogativa de decidir, sozinho, se abre ou não um processo de impeachment para afastar o presidente da República.
Construindo sua relação com o centrão desde abril de 2020, devido a fragilidade da família presidencial em relação a acusações de corrupção, para Bolsonaro, ter Arthur Lira a frente da Casa de Leis é uma maneira de se manter no poder até o final de seu mandado.
A obtenção de sucesso da aliança do governo atual com os partidos do centrão, poderá servir como uma base de coalização eleitoral em 2022, dando vantagem para Bolsonaro na tentativa de uma reeleição, já que terá mais tempo para propagandas políticas e recursos financeiros para a campanha. (Por: Carine Ferrari/com informações da Agência Câmara)