Indígenas moradores da aldeia Cachoeirinha receberam na quinta-feira (11), a segunda dose da vacina Coronavac. Referente a primeira e segunda dose, ao todo, foram destinadas 11.200 unidades do imunizante para as comunidades indígenas de Miranda.
A imunização contra a covid-19 foi realizada na quadra de esportes da Escola Municipal Nicolau Horta Barbosa, que de acordo com a equipe responsável pela aplicação das doses, diferente do prédio onde é realizado atendimentos diários à saúde da população da maior aldeia Terena do município, reúne condições técnicas necessárias para acomodar os imunizantes durante o período da aplicação, que exige ambiente e refrigeradores com temperaturas que variam de 2 a 8 graus celsius.
Medo provocado pelas fake News envolvendo a Coronavac, causou a resistência de uma parcela da população, fazendo com que se ausentassem da aplicação da primeira dose. Apesar dos boatos terem deixado dúvidas em alguns terenas, filhos dos antigos páges da Cachoeirinha demonstraram confiança na vacina. Dionísio Antônio, ex-cacique da comunidade, com forte aproximação à linhagem do “koixómoneti” (pagé) da aldeia, marcou presença pela segunda vez na fila da vacinação. A presença de Dionísio, filho de Guilherme Antônio, que durante anos foi o curandeiro da aldeia, fez com que 10% da população que estava relutante recebessem a primeira dose.
Outra presença importante e que é vista como exemplo a ser seguido, foi a do cacique da aldeia Edson Martins da Silva, de 53 anos. O chefe da comunidade comemorou a quantidade mínima que representa aqueles que não quiseram ser vacinados, reiterando que por motivos importantes ainda assim é um número preocupante. “O risco de contaminação pode continuar rondando a comunidade e ainda há a possibilidade de trabalhadores da saúde serem acusados de serem os responsáveis, mas sabemos que não podemos obrigar ninguém a se vacinar”, comentou o Terena.
Já o indígena Moacir Joaquim, de 79 anos, pai de 9 filhos e avô de 5, se mostrou bem aberto a receber a imunização. “Minha filha me trouxe para tomar a segunda dose e agora fico mais seguro para visitar amigos e família. É duro ficar preso em liberdade, sem poder se distrair, mas temos que tomar todo o cuidado possível”, declarou Moacir.
Além de realizar a aplicação da vacina no local estabelecido como ponto de vacinação, a equipe de imunização também atendeu aqueles que devido a problemas de saúde, não puderam se deslocar, como o Terena Gaudêncio Henrique, de 66 anos, que devido a fratura da perna direita, acabou sendo imunizado em sua residência.
BARREIRA SANITÁRIA
Restabelecidas a fim de controlar o trânsito de pessoas e de mercadorias que possuem acesso as áreas indígenas como forma de evitar a propagação do coronavírus, a barreira sanitária instalada na principal entrada da aldeia Cachoeirinha, tem tido as ações sendo consideradas como de sucesso, já que vem barrando números maiores de contaminação na reserva.
De acordo com dados levantados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), houve mais de 47,5 mil casos de covid-19 em indígenas, tendo um total de 942 óbitos. Em todo o país,161 etnias foram afetadas pela doença. Possuindo uma contagem diferente, o Ministério da Saúde, diz que foram 645 os indígenas infectados pelo novo coronavírus, tendo 544 falecendo devido a complicações causadas pela doença. A diferença entre os índices ocorre devido aos critérios adotados pelo governo federal, que não considera os casos registrados entre indígenas não aldeados, ou seja, aqueles que vivem em zona urbana. Em Miranda, na Aldeia Cachoeirinha, foram 7 o número de óbitos causados pela covid-19. (Por: Carine Ferrari _ informações: Gilson Sobrinho)