Miranda é uma cidade com aproximadamente 40.000 habitantes segundo dados da Prefeitura Municipal, ano de 1977. Deste número pelo menos 30% correspondem a menores de 12 anos de idade, o que dá um número aproximado de 12.000 menores de 12 anos. Esta cifra é bem maior do que o máximo exigido pela Organização Mundial de Saúde na proporção Nº de médicos – Nº de habitantes.
O médico jovem geralmente tem ideais, e, muitas vezes abandona o grande centro, como Rio de Janeiro e São Paulo, deixando por lá vantagens de contar com hospitais mais aparelhados, com maiores recursos, e se dirige para o interior do país, onde ele julga ter maiores possibilidades de exercer o sacerdócio da medicina e de cumprir mais fielmente o juramento de Hipócrates.
Assim viemos para Miranda. Nossos ideais seriam cumpridos. Chegamos com esperança no coração e desejo de auxiliarmos quem necessita-se do nosso auxílio. Viemos para uma cidade que possui 12.000 crianças e que não conta com um único médico para tais (Pediatra). Instalamos nosso consultório; solicitamos nossa admissão para o Corpo Clínico do ÚNICO Hospital do Município, condição indispensável para que pudéssemos internar no ÚNICO Hospital de Miranda qualquer paciente que desta internação necessitasse para salvar sua vida. Entretanto, para nossa surpresa e decepção, nós, o ÚNICO Médico Pediatra numa cidade com pelo menos 12.000 crianças, tivemos nosso pedido de admissão ao corpo Clínico do ÚNICO Hospital da Cidade não aceito, e, sem quaisquer explicações. Em outras palavras, o ÚNICO Pediatra de Miranda está impedido de utilizar o ÚNICO Hospital de Miranda.
É lamentável, portanto, a atitude da Diretoria do Hospital Pedro Pedrossian, prejudicando mais de 12.000 menores, pondo em risco suas próprias vidas.
Sem Mais
João Henrique Vianna Monteiro
Médico Pediatra
Publicado na Edição Nº 19 – de 07/05/78