DIOGO BOSSAY. Um sobrenome, uma família, uma história política, um legado e um futuro

Dr. Diogo Bossay

Aos 39 anos, o médico e cirurgião geral, filho, irmão, pai e esposo, Diogo Bossay deu uma exclusiva ao JC esclarecendo e reforçando vários assuntos

Mirandense nato, Diogo é filho dos ex-prefeitos de Miranda Ivan Paz Bossay (in memorian) e Marlene de Matos Bossay, é casado com a Káren, pai da Antonella, e sempre se destacou por sua trajetória profissional e por seu jeito simples e carismático com a população Mirandense. Ao ouvir o sobrenome Bossay é difícil não se pensar em política.
A família faz parte da história e evolução de Miranda e é muito conhecida por sua trajetória política em nossa cidade, que ultrapassa gerações. Sem pestanejar podemos afirmar que o viés político está no sangue de Diogo, que disputou pela primeira vez um mandato eletivo em 2022, buscando ser eleito Deputado Estadual e se surpreendeu com a quantidade de 12.326 votos conquistados no Estado de Mato Grosso do Sul, sendo que em Miranda recebeu 4.588, batendo um recorde de votação. Nos dias atuais, o médico é primeiro suplente de Deputado Estadual pelo MDB, onde também assumiu o cargo de Presidente Municipal do partido.
Afirmando estar “pronto para qualquer desafio”, Diogo deu uma palavrinha com a redação do Jornal da Cidade e trouxe esclarecimentos importantes. Confiram a entrevista na íntegra a seguir:
JC – Diogo, com certeza, os quase 5.000 votos conquistados por você em Miranda, é credencial para você disputar a próxima eleição para o cargo de prefeito, seu nome tem circulado entre populares como um possível pré-candidato. Essa possiblidade é real?
DIOGO: “Sim, sem sombra de dúvidas! Os mirandenses deram um forte recado de opções para se fazer a nova política. Além de renovação, tem que ter preparo pelo que está por vir. E estamos prontos para o desafio, seja ele qual for. Meu nome está à disposição. ”
JC- Recentemente, circulou notícia que o ex-governador e líder do MDB André Puccinelli, estaria negociando para declarar apoio ao futuro candidato do PSDB para disputar a prefeitura de Campo Grande. O que você acha disso?
DIOGO: “O que houve foi uma aproximação entre os partidos MDB e PSDB em nível estadual. O MDB faz parte da base do Governador Eduardo Riedel na Assembleia Legislativa. Ficou acordado juntamente com o ex-governador Reinaldo Azambuja, Presente Estadual do PSDB, que os dois partidos discutirão a política dos 79 municípios, podendo estar no mesmo palanque onde houver acordo. Onde não houver essa possibilidade, será respeitado a decisão das executivas municipais, com candidaturas próprias, e isso deve ocorrer em diversos locais. Campo Grande também. Hoje, nosso pré-candidato a prefeito da capital é o Dr. André Puccinelli. ”
JC – Outro rumor que circulou entre os meios políticos, dizia que, se Puccinelli fechasse esse acordo em Campo Grande, afetaria diretamente os pré-candidatos do MDB no interior do estado. Como você vê essa situação?
DIOGO: “Não muda nada, a não ser muita conversa. O Diretório Regional do MBD vai respeitar as decisões das Executivas Municipais, existe esse compromisso. Por isso, faremos o Diretório definitivo nos 79 municípios e, até setembro elegeremos o novo Diretório Estadual. A aproximação com o PSDB só coloca os dois partidos como parceiros preferenciais, onde houver essa possibilidade. ”
JC – Ainda sobre esse assunto, chegou a ser mencionado que haveria uma negociação com o MDB aderindo às candidaturas do PSDB em todo o estado, surgiria a possibilidade de abrir uma vaga para você na assembleia, o que te tiraria da disputa das eleições municipais em Miranda. O que você tem a dizer sobre isso?
DIOGO: “Nunca chegou a mim qualquer conversa nesse sentido. Difícil emitir opinião de juízo sobre algo que não existe. Não faço políticas com factoides. “
JC – Ainda nessa linha, ocorreram comentários que o ex-secretário de administração na gestão de Edson Moraes, o Gedivaldo “Taboca”, já estaria sendo sondado para ser seu vice em uma eventual chapa para disputar as eleições em Miranda. Há essa possibilidade?
DIOGO: “Outro factoide. Nunca houve nenhuma sondagem nesse sentido. Política é a arte de conversar, e estamos conversando com várias lideranças e pessoas de diferentes partidos e seguimentos da sociedade, ouvindo e discutindo o futuro. Definições de candidaturas ficam para 2024. “
JC – Como você vê a administração municipal de nossa cidade hoje?
DIOGO: “Muito ruim, para não dizer péssima. Perdeu-se o rumo, não há políticas públicas de verdade, as benfeitorias não chegam na ponta, que é o povo. Hoje, temos uma administração distante da realidade e da vontade dos mirandenses. Para administrar uma cidade cheia de desafios administrativos, é preciso ter preparo, contato, sensibilidade para ouvir críticas e propor soluções. Mas isso exige empenho, dedicação, conhecimento. E precisa muita força de vontade de quem assume a cadeira de prefeito. Não se pode ir em público nas rádios da cidade e chamar pais de família de boca aberta, desinformados ou outros adjetivos. Isso não deve fazer parte do dicionário de um gestor. Muito menos tentar amordaçar quem faz críticas à gestão. De que adianta ficar na capital ou em Brasília uma semana inteira, enquanto não faz o dever de casa. Hoje, se não fosse as emendas federais e do governo do estado, muitas delas de outras gestões, Miranda teria zero investimentos. Com cerca de 10 milhões de arrecadação dos impostos dos mirandenses (ISS, IPTU, ITBI, FPM, FUNDEB, ITR, além de outros repasses), me pergunto: para onde vai todo esse dinheiro?
Não podemos ficar rezando dia após dia para cair do céu algum recurso extra. A falta de planejamento é tanta que vão lá e cortam o salário e as horas trabalhadas de pais e mães de família, sem avisar, prejudicando toda uma cadeia. Isso é desumano, falta programação financeira. Muitos empresários reclamando da falta de pagamento em dia. Não há receita de bolo, se dá faz; se não dá, não faz. Não pode enganar as pessoas e ficar só na promessa.
Não há planejamento e prioridade. Gasta-se meio milhão para comprar carro de luxo para o gabinete e contrata-se inúmeras empresas com gastos desnecessários. Não sou contra fazer lazer para a população, acho até importante. Mas a cidade não pode ter tantos buracos e ruas sem asfalto, a saúde não pode ter tanta reclamação, a farmácia municipal não pode faltar medicamentos, as estradas vicinais devem estar arrumadas, entre tantas outras coisas, aí sim. Veja só: gasta-se quase 3 milhões para reformar uma praça, enquanto para o hospital gastou-se pouco mais de 500 mil, a pedido da prefeitura ao governo estadual. Isso é uma inversão total de valores. Fora as obras que não terminam nunca, não cumprem o prazo. A prefeitura não pode ser a principal geradora de renda da cidade, é necessário pensar a frente. Temos um frigorífico prometido, gerou expectativa em todos para gerar até ano que vem cerca de 300 empregos. E tem dinheiro público no meio. Mas aí a prefeitura vai lá e aumenta o prazo para 2027 para se concretizar a construção, sem garantias de que de fato a obra se tornará realidade. Tudo para continuar prometendo ano que vem durante o período eleitoral.
Se for entrar no quesito saúde, faremos uma entrevista à parte. Nunca vi tanto descaso como agora. A população mirandense está sem assistência necessária, falta muita coisa, não há um comando. Saúde é coisa séria, tem pressa. E passado quase 3 anos, as reclamações só aumentam.
Precisamos de pessoas comprometidas para se fazer gestão. Com metas para secretarias, conectada com a população, transparente, fazendo os benefícios realmente chegarem a quem precisa. Mas exige preparo de quem vai liderar isso. E quem lidera tem que ter acima de tudo hombridade e palavra quando assumir compromissos, chamar a responsabilidade para si. Ouvir as pessoas e grupos políticos faz parte, mas a decisão final tem que ser do prefeito. Estamos vivendo um atraso gigantesco. O futuro está totalmente incerto. ”
JC – Com o objetivo central de encurtamento do caminho para a exportação de produtos do Centro-Oeste do país aos continentes asiáticos e à América do Norte, a Rota Biocêanica será importante para o desenvolvimento de nosso Estado, apesar de sair de Campo Grande para Porto Murtinho, seguindo então para outros países. Como você acha que Miranda pode se beneficiar dessa rota de integração?
DIOGO: “Essa discussão é importante. Miranda está perto e pode pegar o gancho. Temos como atrair investimentos. Miranda fica bem no meio. Importante rever a nossa ferrovia, que corta nossa cidade, podemos nos beneficiar com um transporte mais econômico e com baixa poluição. O eixo Corumbá-Bolívia passa por aqui, temos que interligar isso. Outro ponto importantíssimo, o turismo. Temos que divulgar nosso pantanal, atrair empresários para investir aqui, ter opções e aproveitar o desenvolvimento e marketing de bonito para empreender cada dia mais. A rota pantanal-bonito e o turismo da pesca podem atrair mais olhares para Miranda. ” Além de ser referência na área política da nossa cidade, o sobrenome Bossay também fora referência na área da saúde mirandense. A grande maioria da população já foi atendida pelo saudoso Dr. Ivan e também por nosso entrevistado, Dr. Diogo. Não há como ser diferente disso, a saúde também faz parte do DNA de Diogo e por consequência, a saúde da população Mirandense, que será nosso próximo assunto:
JC – Saindo da área política, vamos conversar um pouco sobre saúde. Por qual motivo você não atende no hospital Municipal em Miranda, onde trabalhou realizando várias cirurgias e atendimentos?
DIOGO: “Sou mirandense raiz, saí da cidade para buscar estudos e trazer novidades da medicina, principalmente na minha área, cirurgia geral. Revolucionamos a saúde com diversas cirurgias em 2013/2014 e 2017/2019, onde deixamos um legado com a criação do programa de cirurgias eletivas e também o planejamento familiar. Exclusivamente por questões políticas, estou fora do atendimento do SUS da minha terra natal, mesmo morando aqui com minha família e tendo uma boa formação acadêmica. O atual prefeito apertou minha mão num dia de setembro em 2021 dizendo que voltaria a operar no hospital e a atender os pacientes no centro de especialidades já em outubro seguinte. Mas, uns 15 dias depois pediu ao seu secretário de finanças que falasse comigo informando que não seria mais possível, fazendo inclusive propostas que prefiro não citar aqui. Não teve coragem sequer de conversar pessoalmente comigo. Não sustentou a palavra, e ouvindo algumas pessoas parece ser essa uma característica dele né!? O que fazer? Paciência. Quem perde é a população.
JC – No seu ponto de vista, o que precisamos para Miranda melhorar o atendimento na área de saúde como um todo?
DIOGO: “Saúde é um desafio para qualquer gestão. Mas, o primeiro passo é ter uma pessoa a frente do executivo que trate a saúde como um investimento, e não como despesa. É preciso conhecer o sistema como um todo. Resolver os problemas do paciente na cidade, perto da família e do seu lar, é dar qualidade de vida e uma melhor expectativa para esta pessoa. O que não der, aí sim encaminha para municípios com mais recursos. Precisamos de profissionais capacitados e humanos, que olhem o paciente como um todo, inclusive na sua condição de aderir a um tratamento. Já passou da hora de trazermos profissionais para se instalarem aqui na cidade. Como exemplo, um pediatra, um ortopedista, dentre outros. Exames mais complexos, como uma tomografia computadorizada, já são realidade em diversos municípios, inclusive menores que o nosso, por que não investir? Valorização profissional é muito importante, com salários dignos, profissionais satisfeitos, atenderão sempre melhor. E muitas outras ações que partem da humanização do atendimento.
Até onde sei, nem o piso dos enfermeiros e técnicos de enfermagem a prefeitura paga hoje. Um absurdo. Isso desmotiva qualquer um. ”
JC – Hoje em nosso município temos vários pacientes que necessitam de fazer hemodiálise em municípios vizinhos. Você acha que Miranda poderia tem um centro de atendimento nessa área?
DIOGO: “Esse é um assunto importante. É factível, mas às vezes o que inviabiliza é a capacidade financeira e toda estrutura a ser montada. Acredito que a parceria município-estado pode levar a ideia adiante. Mas o ideal, a meu ver, é centralizar e aumentar as vagas na regional, Aquidauana. E não permitir que pacientes precisem ir até campo grande três vezes por semana, o que é extremamente cansativo. Se conseguirmos que 100% façam hemodiálise em Aquidauana num curto espaço, já seria um grande passo. Mas isso pode ser resolvido rapidamente, se houver vontade de quem está no executivo.
No futuro, talvez, pensar em trazer para Miranda.
JC – Vamos falar de um assunto considerado polêmico, que é o Hospital Pedro Pedrossian, que na memória do mirandense, está ligado à sua família. O que você tem a dizer sobre esse assunto, já que o hospital está fechado há muito tempo?
DIOGO: “Existem muitos mitos sobre esse assunto, e é bom explicar aqui. Primeiro, nunca fiz parte da sociedade beneficente e nem da sua diretoria, que mantém o prédio do hospital. Mas tenho ali grandes lembranças. Meus primeiros atendimentos, partos e cirurgias foram naquele prédio. A maioria dos mirandenses nasceram ali. Falo isso com extremo saudosismo. Existe uma diretoria, presidida pelo senhor Nelson Andrade, que é a mantenedora do prédio. É preciso parar de politizar o assunto, ficar falando de passado, e discutirmos uma saída para que o prédio possa voltar a ser utilizado, a meu ver, para saúde dos mirandenses. Na pandemia, a diretoria disponibilizou o prédio para a prefeitura, mas foi recusado. Mesmo assim, a diretoria disponibilizou materiais importantes para a prefeitura na pandemia, que preferiu gastar com hospital de campanha e se instalar numa escola municipal, preterindo um prédio pronto. O poder público não parece querer resolver o assunto, foge, nunca procuraram a diretoria. Ali seria um excelente centro integrado de saúde, centralizando toda dependência da saúde do município e dando mais conforto e comodidade para os que precisam. Inclusive, um belo centro diagnóstico, com aparelhos modernos, tomografia, ultrassonografia, e até ressonância magnética. Mas tudo isso depende da boa vontade do gestor municipal, que passados quase 3 anos não demonstrou interesse. ”
JC – Dr. Diogo, para finalizarmos, qual a sua mensagem para a população de Miranda, às vésperas de seu aniversário de 245 anos?
DIOGO: “Temos muitos desafios pela frente, e deixo uma mensagem de fé e esperança por dias melhores para nossa cidade.
Nossa Miranda merece cada dia mais atenção, cuidado e carinho.
Parabéns a todos nós, mirandenses batalhadores.
Que Deus abençoe nossa cidade nos seus 245 anos de emancipação político-administrativa! ”.

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