Flamengo 1 x 0 Corinthians: roteiro inesperado, clássico das massas tem desfecho improvável

O futebol tem caminhos indecifráveis. Eram sete minutos do segundo tempo quando Sampaoli colocou Éverton Cebolinha e tirou Pedro. Fazia sentido, embora uma lacuna se abrisse. O atacante que entrava poderia criar algum desequilíbrio que o Flamengo não conseguia pelo lado do campo, Ayrton deixaria de ser o jogador responsável por jogar aberto na esquerda e talvez se ocupasse de ajudar a cobrir os seguidos contragolpes de um Corinthians que incomodava demais o time rubro-negro. Dentro de sua proposta, fora melhor em boa parte da etapa inicial.

Por outro lado, diante da habitual mobilidade de Gabigol, talvez faltasse ao Flamengo ocupação da área adversária, jogadores que compensassem o movimento de Gabriel de sair da linha ofensiva para buscar a bola. A falta de um homem de imposição no centro do ataque seria mais clara nos minutos finais, quando o jogo passou a acontecer no campo defensivo do Corinthians. E a solução veio da forma menos planejada possível.

Lesionado, Léo Pereira mal caminhava. A solução foi colocá-lo onde causasse menos riscos para o Flamengo. Ele virou centroavante. E foi a cabeça do zagueiro convertido em atacante o destino do cruzamento de Cebolinha, nos instantes finais de um clássico em que os rubro-negros vencerem sem que tenham se imposto aos rivais. Por outro lado, mesmo reduzido a dez homens saudáveis em campo, Sampaoli terminou premiado pela coragem. As circunstâncias não o impediram de acabar o jogo com seis homens no setor ofensivo: Wesley aberto na direita, Cebolinha na esquerda, Léo Pereira no centro do ataque e, por trás dele, Gabriel, Matheus Gonçalves e Gérson. Sem contar as subidas de Ayrton. Sampaoli, entre decisões que funcionam ou não, sempre pende para o lado do risco. É saudável para o jogo.

Mas há pontos positivos a elogiar no lado derrotado. O Corinthians, diante dos desempenhos recentes, chegou ao Maracanã gerando baixíssimas expectativas. E, desta vez, juntou um bom trabalho defensivo com a capacidade de contragolpear.

Foi vital uma mexida de Vanderlei Luxemburgo. O treinador certamente viu que o Flamengo de Sampaoli vem iniciando suas jogadas com dois zagueiros e, à frente deles, dois volantes. E que os laterais se adiantam no campo. A partir daí, passou do 4-3-3 para o 4-4-2, com Roger Guedes em dupla com Yuri Alberto. Além de bloquear melhor a organização ofensiva dos rubro-negros, tinha uma rota clara de contra-ataque: Roger fazendo diagonais do centro para o lado, explorando o setor descoberto pelo avanço dos alas do Flamengo. O aviso veio com um minuto, a melhor chance aos 24. Por vezes, Róger Guedes vinha ao meio-campo buscar a bola, sobrecarregava a marcação do Flamengo e iniciava ataques mais elaborados. No melhor deles, ainda apareceu na área e teve boa chance de marcar. (Por: Celio A. da Silva)

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