Mortes de onças na BR-262 expõem descaso com a fauna do Pantanal, alerta Instituto SOS Pantanal

A morte de uma onça-pintada atropelada na BR-262 reacendeu o alerta sobre a urgência de medidas de proteção à fauna silvestre no Pantanal sul-mato-grossense. Segundo o Instituto SOS Pantanal, esta é a oitava onça morta em apenas 18 meses no trecho entre os municípios de Miranda e Corumbá (MS) — uma das regiões com maior número de atropelamentos de animais silvestres no país.

Entre 2017 e 2020, mais de 6.600 animais foram atropelados nesse mesmo trecho da rodovia federal, o que representa uma média de mais de 180 mortes por mês, conforme registros de monitoramento científico. As vítimas incluem não apenas grandes felinos ameaçados de extinção, mas também tatus, tamanduás, jacarés, aves e pequenos mamíferos.

“Já fizemos campanhas, protestos, cobramos todos os níveis de governo, levamos a pauta a Brasília, nos reunimos com o DNIT. O problema está diagnosticado, não faltam dados, faltam ações concretas”, afirmou Leonardo Gomes, diretor executivo do Instituto SOS Pantanal.

Segundo a entidade, desde 2016, 21 onças-pintadas já foram atropeladas nesse trecho da BR-262, o que evidencia a gravidade da situação e a necessidade de ações urgentes. A onça-pintada é considerada espécie símbolo da biodiversidade brasileira e está ameaçada de extinção.

Plano aprovado, mas ainda não executado

Em novembro de 2024, após pressão da sociedade civil, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aprovou um Plano de Mitigação de Atropelamentos de Fauna para a rodovia. O projeto prevê a instalação de passagens subterrâneas, cercas direcionadoras e sinalização adequada, medidas já reconhecidas como eficazes na redução de acidentes com fauna. Entretanto, nove meses após a aprovação, nenhuma intervenção foi iniciada.

O Instituto SOS Pantanal integra, desde 2024, o Observatório Rodovias Seguras Para Todos, uma coalizão de seis organizações da sociedade civil dedicada à redução de atropelamentos de fauna e acidentes viários.

Risco ambiental e humano

Além dos impactos ambientais, o Instituto chama atenção para os riscos à segurança de motoristas e moradores da região. Colisões com animais de médio e grande porte podem resultar em acidentes graves, inclusive com vítimas fatais.

“Proteger a fauna é proteger o Pantanal, sua economia, seu turismo, sua cultura – e a vida de todos que circulam por essas estradas”, enfatiza Leonardo Gomes.

O Instituto reforça o apelo para que as autoridades cumpram o que foi acordado e iniciem imediatamente as ações previstas no plano. A preservação da fauna pantaneira, segundo os especialistas, é essencial para manter o equilíbrio ecológico, a atividade turística e a identidade cultural da região.

Fonte: Instituto SOS Pantanal
Publicado em 18/07/2025

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